sábado, 10 de abril de 2010
15:32 |
Postado por
Marinês |
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Sexta-feira, 9 de abril de 2010. Supostamente, uma sexta comum. Supostamente. Mas, ao assistir por meio do CineCafé (Sesc / Grande Otelo) o Filme:Léolo de Jean Claude Lauzon percebi dentre lágrimas que realmente não fora uma sexta comum. Fora sim, uma sexta-feira especial. Quanto de poesia pode se encontrar numa versão cinematográfica, belas fotografias e implicitos extraordinários. Sem contar a trilha sonora composta de outros e de Tom Waits. Misto de sensações inexplicáveis. Como se ali, naquela não tão confortável cadeira tivesse se apresentado em quase duas horas experiências magnânimas para mim. A beleza da obra, da força do texto, da bela fotografia, do roteiro maravilhoso e tudo se passa por meio de conflitos e conflitos e conflitos que não nos mostram outro cenário, a não ser a própria vida. Vida miserável na qual Leolo tenta escapar e fugir por meio da Leitura do Livro L'avalée des Avales de origem franco-canadense e deste livro é que ele tira toda a inspiração para escrever as mais belas poesias e histórias surrealistas que o transportam para uma outra vida, talvez menos sofrida, menos miserável...Um detalhe muito rico do filme é que ele nunca viu seus pais e nem irmãos a lerem nada e nunca entendeu como esse livro foi parar na casa dele, na verdade o livro servia de apoio para a mesa já "bamba". E, ele lia e relia esse livro. A principio não entendia uma só frase, depois tudo foi fazendo sentido e o levando a inspiração para suas próprias escritas. Um filme digno de ser visto.Comovente, inquietante, reflexivo. Daqueles que certamente nos fazem diferente ao final da sessão. Muito chorosa ao final e paradoxalmente muito feliz por ter tido essa oportunidade, fui para casa. Achando que seria o fim de uma sexta-feira comum. Mas, resolvi assistir o documentário exibido pela cultura "Loki" uma homenagem a Arnaldo Baptista - Mutantes. Continuou então a sessão chorosa, pois, surpreendentemente ao assistir esse documentario visões totalmente subjetivas nos levam a ter "raiva de Rita Lee" por certos momentos, raiva de Sergio e dos outros integrantes da banda...pena, piedade,misericórdia do Arnaldo...outrora ódio...misto de visões e subvisões. Mas, nenhuma delas são capazes de mensurar a grandeza desse artista mal interpretado, mal visto, criticado. Artista completo...inteligente, ousado...irreverente e com um legado musical que perdurará por muitos e muitos anos. Certamente que nunca saberemos quem é que errou nessa história que finda o ciclo Mutantes. Não podemos afirmar que a culpada foi Rita, não sabemos se o vilão foi Arnaldo, pois, com toda loucura deixa claro que foi injustiça terem o taxado de louco. Acho que uma coisa, levou a outra e isso gerou o efeito dominó. Talvez,o culpado real tenha sido ácido...ou, os tantos e tantos ácidos tomados por todos da banda. Uma pena! Realmente uma pena não termos tido o privilégio de crescemos ouvindo uma das melhores bandas...e termos sido limitados a apenas o cd...ainda assim, somos privilegiados por termos tido esse contato.
A sexta feira não foi mesmo comum. Retratou-me a triste história de Léolo e a triste história de vida de Arnaldo e no meio delas há tanto, tanto de poesia, tanto de beleza, tanto de riqueza...que se pudéssemos descrever em apenas uma frase:
"Todas as sextas-feiras deveriam ser ricas, assim...simples, assim". Mas, infelizmente os vídeos vistos como "Cult" são apreciados apenas por uma minoria de espectadores. E as poucas programações ricas de tv, são substituidas por aquelas tão mais pobres. Infelizmente. Talvez um dia possamos disseminar melhor as artes. E que todos possam apreciar a uma apresentação de dança contemporânea e possam frequentar mais os teatros e sentir prazer na solidão de uma leitura e entender que na solidão o livro mostra-se vivo, presente. Apreciar versões cinemátográficas, mas, não somente as vendáveis, "as americanizadas"...mas, aquelas que realmente nos transportam de seres passivos, a ativos, reflexivos e questionadores.Mas, não podemos desistir, o ano apresenta em média quantas, quantas sextas-feiras? Muitas, não as contei, mas sei, são várias. Quem sabe numa dessas a gente possa ver esses Cinecafés menos vazio, a gente possa ver os teatros, as vernissages, as apresentações de dança, de circo e etc...sendo mais valorizadas. Não, não nos cabe discutir a questão política, até pque nesses casos eles é que são culpados por quase tudo. O consenso diz que cultura custa caro...será mesmo? Eu assisti a um filme belissimo, a um documentário riquissimo e não paguei nada por isso, comprei um livro no "Sebo", nessa mesma sexta-feira por apenas R$ 1,50 e venho adquirindo conhecimento por meio de iniciativas diversas. Sou melhor que alguém, que alguns? Não. Definitivamente não! Mas, a diferença é que não me oponho. Ao primeiro convite para conhecer qualquer linguagem artistica me predisponho e vou buscando entendimento para receber aquela arte de forma prazerosa e tento entendê-la de forma a reconhecer o quanto ela tem a me acrescentar cultural e intelectualmente, e o quanto me ensina a ser melhor em todos os âmbitos da vida. Mas, somente isso não basta, o ganho está no quanto tudo isso inquieta e nos leva a questionamentos. E assim, de questionamento em questionamento, de experimentações em experimentações é que se constrói um novo patamar cultural. É possivel sim, galgar um outro patamar, basta que os pais levem livros a seus filhos e que isso faça parte de uma rotina normal. A pobreza está assim como na história de Léolo na qual um livro faz parte do cenario de uma casa apenas como "calço" de uma mesa. A pobreza de tudo é que a gente não percebe realmente que podemos fazer qualquer dia de nossa semana e de nossas vidas, dias mais ricos, basta querermos. A pobreza mesmo está em não entendermos o que G. Bachelard entendeu, pois para ele:"Há poesia nos principais espaços preferidos pelo homem. Na casa, no sótão, no porão. Numa simples gaveta". Talvez, quando chegarmos a esse entendimento não acharemos que a culpa de sermos "pobres culturalmente" é do governo, é da falta de dinheiro, é da Rita Lee em ter abandonado os Mutantes , nem do Léolo ter tido uma vida tão miserável. A miséria está realmente em cada um de nós que não abre a gaveta corretamente e não enxerga a poesia das coisas, de todas as coisas e principalmente que há em Todas As Coisas.
A sexta feira não foi mesmo comum. Retratou-me a triste história de Léolo e a triste história de vida de Arnaldo e no meio delas há tanto, tanto de poesia, tanto de beleza, tanto de riqueza...que se pudéssemos descrever em apenas uma frase:
"Todas as sextas-feiras deveriam ser ricas, assim...simples, assim". Mas, infelizmente os vídeos vistos como "Cult" são apreciados apenas por uma minoria de espectadores. E as poucas programações ricas de tv, são substituidas por aquelas tão mais pobres. Infelizmente. Talvez um dia possamos disseminar melhor as artes. E que todos possam apreciar a uma apresentação de dança contemporânea e possam frequentar mais os teatros e sentir prazer na solidão de uma leitura e entender que na solidão o livro mostra-se vivo, presente. Apreciar versões cinemátográficas, mas, não somente as vendáveis, "as americanizadas"...mas, aquelas que realmente nos transportam de seres passivos, a ativos, reflexivos e questionadores.Mas, não podemos desistir, o ano apresenta em média quantas, quantas sextas-feiras? Muitas, não as contei, mas sei, são várias. Quem sabe numa dessas a gente possa ver esses Cinecafés menos vazio, a gente possa ver os teatros, as vernissages, as apresentações de dança, de circo e etc...sendo mais valorizadas. Não, não nos cabe discutir a questão política, até pque nesses casos eles é que são culpados por quase tudo. O consenso diz que cultura custa caro...será mesmo? Eu assisti a um filme belissimo, a um documentário riquissimo e não paguei nada por isso, comprei um livro no "Sebo", nessa mesma sexta-feira por apenas R$ 1,50 e venho adquirindo conhecimento por meio de iniciativas diversas. Sou melhor que alguém, que alguns? Não. Definitivamente não! Mas, a diferença é que não me oponho. Ao primeiro convite para conhecer qualquer linguagem artistica me predisponho e vou buscando entendimento para receber aquela arte de forma prazerosa e tento entendê-la de forma a reconhecer o quanto ela tem a me acrescentar cultural e intelectualmente, e o quanto me ensina a ser melhor em todos os âmbitos da vida. Mas, somente isso não basta, o ganho está no quanto tudo isso inquieta e nos leva a questionamentos. E assim, de questionamento em questionamento, de experimentações em experimentações é que se constrói um novo patamar cultural. É possivel sim, galgar um outro patamar, basta que os pais levem livros a seus filhos e que isso faça parte de uma rotina normal. A pobreza está assim como na história de Léolo na qual um livro faz parte do cenario de uma casa apenas como "calço" de uma mesa. A pobreza de tudo é que a gente não percebe realmente que podemos fazer qualquer dia de nossa semana e de nossas vidas, dias mais ricos, basta querermos. A pobreza mesmo está em não entendermos o que G. Bachelard entendeu, pois para ele:"Há poesia nos principais espaços preferidos pelo homem. Na casa, no sótão, no porão. Numa simples gaveta". Talvez, quando chegarmos a esse entendimento não acharemos que a culpa de sermos "pobres culturalmente" é do governo, é da falta de dinheiro, é da Rita Lee em ter abandonado os Mutantes , nem do Léolo ter tido uma vida tão miserável. A miséria está realmente em cada um de nós que não abre a gaveta corretamente e não enxerga a poesia das coisas, de todas as coisas e principalmente que há em Todas As Coisas.
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