quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010
10:53 |
Postado por
Ari Holtz |
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Que 2009 é uma safra excepcional para a jovem música brasileira, já dá para afirmar: estão aí (ou breve estarão) os trabalhos novos de Cidadão Instigado, Wado, Lucas Santtana, Céu, Junio Barreto, Ronei Jorge & os Ladrões de Bicicleta, e mais um ou dois que não nos deixam mentir. Todos já na maturidade plena de suas carreiras – apesar de não tocarem no rádio. Por outro lado, também começa a ser respondida a pergunta: o que o circuito Fora do Eixo tem a oferecer de novo, depois da sensacional revelação em 2007/2008 da sua primeira leva de alcance nacional: Macaco Bong, Vanguart, Los Porongas, Madame Saatan e mais um punhado de bandas inesperadas?
Esse rodeio todo foi para introduzir uma surpresa muito agradável: A Passeio, o segundo álbum dos Porcas Bornoletas. Tudo bem, é praticamente consenso que Um Carinho com os Dentes, o primeiro CD, de 2005, já era bastante bom, assim como a banda já era reconhecida como um dos melhores shows do circuito. Mas algo – que nem sempre acontece, mesmo com as melhores bandas – aconteceu com eles, desta vez. Um perfeito ajuste entre um repertório inspirado, uma execução vigorosa e um crescente domínio da linguagem de estúdio, ao lado de um produtor sagaz. Ou seja, se eu citei antes todos esses nomes, foi para concluir: Porcas Borboletas faz bonito, no meio dessa geração sensacional.Porque em 2009? Bom, foi-se o tempo nelsonrodrigueano em que o óbvio ululava. De uns tempos (décadas?) pra cá, vínhamos tendo que implorar para que alguém fizesse logo o que seria de se esperar – se o Brasil fosse normal. Juntar o que a MPB e o rock têm de melhor, por exemplo. Escrever boas letras em português (não por nada em especial, é só porque é a língua que falamos). Temperar o cinismo que a inteligência aconselha com algum afeto pelas coisas boas da vida. Cuidar mais dos arranjos e instrumentações (não por nada em especial, é só porque a música tem maravilhosas possibilidades). Gozar com o que é sério em excesso, mas sem confundir o hoje infame rótulo “irreverência” com um salvo-conduto para a babaquice. Enfim, coisas: juntar porcas com borboletas, se não era pedir demais. Demorou.
E eis que em Uberlândia – o fenômeno Fora do Eixo inventando mais uma fonte inesperada – seis malucos sensatos fizeram isso. Dizem que mineiro é come-quieto. Pois estes mineiros comeram quase toda a inteligência musical e poética que passou por perto. Se o ditado “diga-me com quem andas” ainda faz algum sentido, que tal um álbum – de rock! – que junta Arrigo e Paulo Barnabé, Bocato, Arthur de Faria, o já citado Junio, o produtor Alfredo Bello/ DJ Tudo, Simone Sou e Marcelo Jeneci? Com uma letra de Clarah Averbuck de quebra? E uma vagaba interpretada por Leandra Leal?
O melhor é que ninguém está lá só pra deixar a ficha técnica “mais sexy”, como dizem os ingleses – por mais que seja sexy mesmo. Ele(a)s estão lá porque os Porcas Borboletas dialogam com isso tudo: música brasileira, poesia instantânea, intervenções caprichadas de cordas e sopros, berreiro surrealista, andamentos tensos, momentos delicados, dissonâncias inquietantes, pop deslavado. Enfim, coisas. Na verdade entregaram mais do que o pedido. Só ouvindo pra entender.
Esse rodeio todo foi para introduzir uma surpresa muito agradável: A Passeio, o segundo álbum dos Porcas Bornoletas. Tudo bem, é praticamente consenso que Um Carinho com os Dentes, o primeiro CD, de 2005, já era bastante bom, assim como a banda já era reconhecida como um dos melhores shows do circuito. Mas algo – que nem sempre acontece, mesmo com as melhores bandas – aconteceu com eles, desta vez. Um perfeito ajuste entre um repertório inspirado, uma execução vigorosa e um crescente domínio da linguagem de estúdio, ao lado de um produtor sagaz. Ou seja, se eu citei antes todos esses nomes, foi para concluir: Porcas Borboletas faz bonito, no meio dessa geração sensacional.Porque em 2009? Bom, foi-se o tempo nelsonrodrigueano em que o óbvio ululava. De uns tempos (décadas?) pra cá, vínhamos tendo que implorar para que alguém fizesse logo o que seria de se esperar – se o Brasil fosse normal. Juntar o que a MPB e o rock têm de melhor, por exemplo. Escrever boas letras em português (não por nada em especial, é só porque é a língua que falamos). Temperar o cinismo que a inteligência aconselha com algum afeto pelas coisas boas da vida. Cuidar mais dos arranjos e instrumentações (não por nada em especial, é só porque a música tem maravilhosas possibilidades). Gozar com o que é sério em excesso, mas sem confundir o hoje infame rótulo “irreverência” com um salvo-conduto para a babaquice. Enfim, coisas: juntar porcas com borboletas, se não era pedir demais. Demorou.
E eis que em Uberlândia – o fenômeno Fora do Eixo inventando mais uma fonte inesperada – seis malucos sensatos fizeram isso. Dizem que mineiro é come-quieto. Pois estes mineiros comeram quase toda a inteligência musical e poética que passou por perto. Se o ditado “diga-me com quem andas” ainda faz algum sentido, que tal um álbum – de rock! – que junta Arrigo e Paulo Barnabé, Bocato, Arthur de Faria, o já citado Junio, o produtor Alfredo Bello/ DJ Tudo, Simone Sou e Marcelo Jeneci? Com uma letra de Clarah Averbuck de quebra? E uma vagaba interpretada por Leandra Leal?
O melhor é que ninguém está lá só pra deixar a ficha técnica “mais sexy”, como dizem os ingleses – por mais que seja sexy mesmo. Ele(a)s estão lá porque os Porcas Borboletas dialogam com isso tudo: música brasileira, poesia instantânea, intervenções caprichadas de cordas e sopros, berreiro surrealista, andamentos tensos, momentos delicados, dissonâncias inquietantes, pop deslavado. Enfim, coisas. Na verdade entregaram mais do que o pedido. Só ouvindo pra entender.
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